terça-feira, 30 de março de 2021

Os famosos e as redes sociais

 

Longe vão os tempos em que as celebridades eram seres quase etéreos e inatingíveis, que enchiam o imaginário do público mas que raramente se materializavam aos olhos dos comuns mortais. As redes sociais, essas malvadas, vieram alterar por completo a relação entre os famosos e os seus fãs. O tradicional autógrafo foi relegado à insignificância em prol da tão almejada selfie e os admiradores transformaram-se em seguidores de uma celebridade feita guru, que passou a vender produtos e estilos de vida. Há uns tempos Viriato Quintela, actor que pode ser visto na novela da SIC " A Serra ", teceu considerações numa entrevista ao Sapo Lifestyle que me parecem dignas de reflexão: " Acho que as redes sociais têm aspetos negativos, mas não nos podemos levar demasiado a sério. Temos de ter uma comunicação que seja empática e para o mundo e não apenas 'olha para mim tão giro e estou aqui a vender uns produtos porque tenho imenso alcance'." Infelizmente a tendência não é essa. Uma grande parte dos ditos famosos divide-se entre as tais publicações ao seu bom aspecto e as tentativas de impingir "tachos e tupperwares" aos seus seguidores. Alguns lá no meio vão soltando uns pensamentos supostamente muito profundos, o que lhes dá um ar muito esotérico e espiritual. Depois surgem mensagens contraditórias como a da nossa querida Júlia Palha que hoje publica essas palavras muito profundas no Instagram: " Stop comparing yourself. Flowers are pretty but so are sunsets and they look nothing alike ". Em inglês os dizeres ganham outra seriedade. Ora bem Júlia, como queres que as pessoas parem de se compararem constantemente quando as redes sociais servem quase sempre para expor corpos e estilos de vida inatingíveis? Que algumas celebridades não hesitam em expor, transmitindo um desfasamento gritante  e por vezes revoltante da realidade actual. E depois surge o tal bullying online contra os famosos que mais não é do que a incapacidade de muitas pessoas de processar a frustração, o desânimo e a tristeza que se apoderaram do pobre povo com esta maldita pandemia. A resposta é simples e reside no que foi dito pelo sábio Viriato: celebridades que promovam a empatia e não se levem muito a sério. Eu acrescentaria autenticidade. Porque o público gosta de pessoas autênticas, que não esqueceram as suas origens. As redes sociais deveriam ser acima de tudo um meio para as celebridades partilharem essencialmente os seus projectos profissionais e a defesa de causas socialmente relevantes sem obstar no entanto à revelação pontual de alguns pormenores mais pessoais. E nunca esquecendo o feedback aos seguidores. Qual o motivo para certos famosos alimentarem redes sociais se não querem estabelecer uma ponte com o público que os alimenta? Os verdadeiros profissionais de qualquer arte não precisam de tiques de super estrela para serem respeitados e reconhecidos. Veja-se a grande Luísa Cruz. No seguimento da sua perfeita interpretação do genérico da novela "Amor, Amor", foi agradecer um a um cada comentário que recebeu no seu Instagram. A grandeza está nesses pequenos gestos de humildade. Poderia ainda acrescentar à Luísa Cruz, a super querida Melânia Gomes, o João Baptista, a Sofia Cerveira e o Renato Godinho mas aí já seria suspeita. 





terça-feira, 23 de março de 2021

A criticar é que a gente se entende


 Mais um domingo se passou e mais uma vitória nas audiências para a SIC. A cozinha infernal do "elegante" e "educado" chef Stanisic não deu hipótese à rainha Cristina. Mas tudo vai mudar dia 29, com a estreia do novo programa " Cristina ComVida ", pelo menos é o que promete a Dona Tininha. Como não acreditar num programa tão inovador, feito numa casa, com um vizinho, algo nunca visto em Portugal. O " All Together Now " já é passado, à quinquagésima vez é que é, o Fernando Mendes que se cuide porque a TVI vai finalmente voltar à liderança, pela mão de Cristina a Grande. Tão grande que conseguiu fintar mais uma vez as restrições da pandemia para voar até ao Dubai e nos presentear com as imagens das suas luxuosas férias. As críticas da praxe não se fizeram esperar porque a Cristina pode não ser a rainha das audiências mas ninguém lhe tira o título de rainha das polémicas ou do falatório, como preferirem. Como qualquer membro de qualquer espécie de realeza, sua excelência tem as costas forradas e por isso não faltaram vozes indignadas para defender a soberana. Desta vez foi Eduardo Madeira que se insurgiu contra os comentários negativos e afirmou sem rodeios: "Está um bocado na moda dizer mal dela. Uns porque não estão contentes com a vida, outros porque são pagos para dizer mal dela, outros só para irritar, outros porque não suportam uma mulher no poder e, outros ainda, porque são envinagrados por natureza". Ou seja, resumindo os dizeres pertinentes do Sr. Eduardo, quem não está com a Cristina está contra a Cristina, todas as críticas resultam da inveja, da frustração e da provocação. É perfeitamente impensável que uma pessoa que preencha os critérios estabelecidos para a dita normalidade, não seja acérrima fã de Cristina Ferreira. O discurso apocalíptico acerca das mentes frustradas e invejosas que se escondem no anonimato para criticar celebridades inocentes e indefesas começa, a meu ver, a ficar desgastado. Sim, há pessoas tristes e ressabiadas com a vida que se vingam nas redes sociais contudo estas são apenas o reflexo da vivência em sociedade, onde desde sempre houve a tendência para criticar e invejar os bem sucedidos. Mas também não deixa de ser legítimo expor uma crítica desde que seja construtiva ou até irónica. Tal como a pessoa visada tem toda a legitimidade de ignorar ou até bloquear. Agora querer apenas louvores e reduzir os críticos a meros frustrados ou aziados, haja paciência. Não se pode agradar a gregos e a troianos e há que saber lidar com isso. Quem não aguentar, esqueça as redes sociais. Faz-me imensa confusão os famosos que não dão retorno aos seguidores quando são elogiados mas parecem ter um prazer mórbido em dar troco às críticas. 

Antes de terminar, vale a pena abordar a título de exemplo a polémica entre Sofia Ribeiro e Rita Pereira. Na sexta-feira passada, a nossa querida Sofia sujeitou-se a mais uma despistagem para a Covid-19 e publicou o vídeo no Instagram. A Rita Pereira não parece ter gostado e prontamente comentou: " Será que sou eu ou já está toda a gente farta de ver pessoas a fazer stories a levar com a zaragatoa no nariz? Para que é que mostram? Para que é que filmam? É que toda a gente passa à frente". A Sofia Ribeiro não se deixou ficar e retorquiu: " Acho que vai servir a carapuça. A pergunta é: A tua vida não te chega? Acho que a tua vida já tem muito que se lhe diga, o que te parece? Fala dos outros quem tem que se lhe diga. Na dúvida do que fazer é ir arrumar a casa, lavar uma roupinha, dobrar umas meias". Isto tudo para dizer que não são só os pobres e frustrados anónimos, aziados e invejosos, que criticam os ricos e bem sucedidos famosos nas redes sociais. Por vezes, as celebridades também caem na tentação e em vez de passar a frente e deixarem de seguir quem os incomoda, criam polémicas entre pares que apenas alimentam a imprensa côr-de-rosa. A Rita Pereira até tem razão mas a Sofia Ribeiro tem todo o direito de publicar o que bem entender. Por isso, deixem-se de conversas e vão as duas dobrar umas meias. Dava-me jeito uma ajudinha cá em casa.

fonte: www.vip.pt, www.noticiasaominuto.com

quarta-feira, 17 de março de 2021

Bárbara vs Sofia


Famosos e redes sociais, uma dupla inseparável nos tempos que correm. O uso que cada um faz delas é que diverge consideravelmente. Hoje trago à Carpete Encarnada mais um duelo virtual improvável entre Bárbara Norton de Matos e Sofia Arruda
O que há a dizer do Instagram da nossa querida Bárbara? Muito pouco pois as suas publicações falam por si e deixam pouco à reflexão. A atriz de "Amor,Amor" brinda-nos com registos interessantíssimos da sua omnipresente imagem, de preferência em trajes menores. Replicando a célebre Anita, podemos ver a Bárbara na praia, a Bárbara no telhado, a Bárbara num passeio de bicicleta, a Bárbara na cama, e mais uma série de aventuras extremamente empolgantes. Entre os elogios bacocos da praxe que invadem a sua caixa de comentários, pululam pontualmente as inevitáveis críticas à sua exposição corporal. Mas a nossa querida Bárbara com muita sabedoria e maturidade não hesita em responder às supostas invejosas: "Oico tantas vezes que não devia postar fotografias de biquíni porque parece mal... A sério??? Machismo, inveja, preconceito? Quero lá saber. Só eu sei o que custa estar assim depois de ter tido duas filhotas e ter quase 42 anos, por isso orgulho-me e partilho, espero ser incentivo para muitas mulheres que me escrevem .Todas conseguem, basta força de vontade. Em relação às invejosas que se lixem. Cansei. Beijinhos e sejam felizes #beijonoombrodasinvejosas".Resumindo, a nossa querida Bárbara, generosa e altruísta, quer ser uma inspiração para todas as mulheres que tal como ela têm como objectivo de vida serem boazonas depois dos 40. Quem disse que a objectivação da mulher era um atraso de vida? Força Bárbara, tens a minha mais profunda admiração por defenderes uma causa tão nobre! BNM a Presidente, já!
Felizmente ainda há esperança e algum bom senso no mundo dos famosos. Como relatou ontem a Caras e passo a citar: "Sofia Arruda usou recentemente as redes sociais para deixar uma mensagem importante. ( o sublinhado é da minha autoria ). A atriz partilhou uma imagem em que exibe o corpo, não disfarçando nada com filtros. O objetivo? Incentivar ao amor-próprio e ao facto de a realidade muitas vezes ser disfarçada nas redes sociais e na televisão ". A mesma fonte reproduz as sábias palavras da Sofia que explica: “Não contribuo para mães odiarem os seus corpos, por isso, deixo aqui esta foto tirada agora mesmo sem filtros nenhuns. Tenho estrias (tenho muitas desde os 12 anos), tenho celulite, uma hérnia que ficou da gravidez e que tenho de operar para tirar e uma flacidez na barriga que nunca tive na vida. Repito, na TV os planos são afastados, não se vê nada. Com amor de mãe para mãe”. 
Se esperavam da minha parte uma enxurrada de elogios à grande Sofia e uma merecida salva de palmas, estão redondamente enganados. Os leitores iriam certamente inferir que sou mãe, badocha e que ando a pedir um beijo no ombro. Se ficar registado numa selfie para a posteridade, até alinho Bárbara!


quinta-feira, 11 de março de 2021

Ferreira, Cristina Ferreira


 No início desta semana tive um sonho, diria mesmo mais, uma revelação. Sonhei que afinal a Cristina Ferreira era uma agente infiltrada na TVI, ao serviço de sua Majestade Daniel Oliveira. O seu objectivo? Acabar de vez com o canal de Queluz de Baixo. O seu modus operandi? Orquestrar com pompa e circunstância um regresso supostamente muito desejado à casamãe, assumir a liderança do grupo, rodear-se de um grupinho de fiéis muito ( pouco ) competentes e eliminar todos os opositores passíveis de abortarem a missão secreta de Ferreira, Cristina Ferreira. As suas armas secretas? Ruben Rua, um padre supostamente sexy, a milésima edição do Big Brother, uma novela a estrear que é uma festa da imitação e uma programação, no geral, vazia de inovação. Acordei em suores e com o coração descontrolado. Corri imediatamente para as páginas da imprensa côr-de-rosa e encontrei a calma nas palavras da Tininha: "A TVI de sempre, a televisão feliz. Da família. Dos grandes formatos. Ganhar é tentar o melhor. Fazer melhor. Obrigada a todos. O futuro na palma da mão. Juntos". Afinal foi só um sonho, a TVI da Cristina está no bom caminho, devagar há de lá chegar e 2030 é mesmo ali ao virar da esquina. Só falta saber se a paciência é o ponto forte dos administradores da TVI.

domingo, 7 de março de 2021

A Serra

 


A SIC soma e segue no domínio da ficção e depois do sucesso de " Amor, Amor " que substituiu dignamente a líder de audiências " Nazaré ", a nova novela " A Serra " chegou, viu e venceu. Estranhamente ou talvez não, a magia da Serra da Estrela não conseguiu conquistar o seu lugar nesta Carpete Encarnada. Se a Inês Gomes foi bastante convincente com a sua " Terra Brava ", já não posso dizer o mesmo da sua nova criação. O problema de " A Serra " começa logo na escolha do elenco. A SIC apostou forte na vistosa Júlia Palha, antiga estrela da concorrência e ressuscitou Sofia Alves, também ela imagem de marca da Plural, quando a TVI dominava a ficção nacional. E as novidades ficaram por estas duas cabeças de cartaz. O resto do elenco é mais do mesmo, num claro vazio de ideias onde predominou o reconfortante facilitismo. É inacreditável que tenham optado novamente pelo José Mata para o papel de protagonista, num registo praticamente idêntico ao de " Nazaré ". Aliás, o próprio confessou numa entrevista à " Telenovelas " que ponderou o convite para a nova trama da SIC, devido às semelhanças entre o Tomás de " A Serra " e o Duarte de " Nazaré ". Será que a SIC não tem mais ninguém com competências para assumir o papel de protagonista? Não ponho de forma nenhuma em questão o valor do José Mata, muito pelo contrário, acho que merecia um papel diferente e mais desafiante que lhe permitisse demonstrar outra faceta para além do menino bonito, preso num triângulo amoroso. Mas infelizmente o facilitismo não ficou por aqui. Ninguém achou anormal que a Manuela Couto voltasse a assumir o papel de mãe do Tiago Teotónio Pereira, tal e qual como em " Nazaré ", embora num registo mais leve e cómico. Do resto do elenco pouco mais há a dizer, sempre as mesmas caras, nos mesmos registos, com meia dúzia de novidades. Destaque para João Mota que me impressionou pela positiva, embora num papel secundário. Nunca o tinha visto a representar mas penso que tem tido um desempenho notável. Quem também me surpreendeu foi Ângelo Rodrigues. Fez uma aparição fugaz mas, quanto a mim, finalmente convincente. Essa breve participação do Ângelo é justificada e bem pelo próprio que explicou em entrevista à MAGG: "Quero continuar a desbravar o mundo e estudar sobre cinema documental. Agora, não tenho muita vontade de fazer novelas. Quero parar um pouco". Numa clara prova de maturidade o mesmo acrescentou que  "Foi libertador começar a selecionar os projetos em que trabalhava, de modo a contrariar uma busca cega profissional de colecionar trabalho atrás de trabalho". Pena que nem todos os seus colegas queiram ou possam seguir-lhe o exemplo. 
Se o elenco de " A Serra " é mais do mesmo, isso também se aplica à trama. A Fátima encarnada por Júlia Palha não passa de uma reedição da Nazaré, uma mulher forte, decidida e independente, disposta a tudo pela família. Mais uma vez a rapariga humilde envolve-se com o menino bonito, de boa família claro. Não podia faltar o tradicional triângulo amoroso em que duas mulheres, arqui-inimigas, chegam a vias de facto por culpa do amado. A história não ficaria completa sem uma vilã, extremamente má, que vive um casamento de fachada porque o marido acaba por envolver-se com uma mulher mais nova. De notar que na maior parte das novelas os ricos são quase sempre mauzinhos e/ou infelizes. 
Concluindo, " A Serra " é uma novela em modo serviços mínimos que não traz nada de novo para além das maravilhosas paisagens da Serra da Estrela.

O messias Fernando Rocha

  ( fonte: www.menshealth.pt) Tal como o Lázaro que regressa do além pelas mãos de Jesus Cristo, a Carpete Encarnada ressuscitou graças ao n...