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quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Palavras levam-nas o vento


O ambiente de férias e procrastinação que tomou conta de meio mundo este mês que agora terminou, contagiou irremediavelmente o meu pobre cérebro cansado, secando a inspiração que alimenta esporadicamente este recanto perdido da blogosfera. Felizmente ou não, a actualidade internacional dos últimos tempos aliada às reacções das celebridades portuguesas nas redes sociais, despertou a alma entorpecida da Carpete até agora adormecida. Ninguém fica indiferente às imagens assustadoras que nos chegam todos os dias do Afeganistão. O bando de homens das cavernas chamado talibãs regressou ao poder trazendo com ele o terror e o inevitável êxodo em massa de um povo repentinamente votado ao abandono pelos antigos salvadores da pátria, de seu nome EUA. No meio da tragédia, todos questionam o futuro das mulheres afegãs, fortemente oprimidas pelo anterior regime talibã. Como não podia deixar de ser, muitos famosos da nossa praça reagiram de forma célere e, armados de hastags solidários, declararam a sua mais profunda revolta e indignação perante a situação afegã. Pena é que a suposta consternação de certas celebridades tenha a mesma consistência de um leite creme. Ai e tal, vou postar alguma coisa sobre as pobres afegãs para dar uma de ativista e que se lixe se estive há uns tempos no Dubai, a exibir o corpinho na praia, borrifando-me para todas as mulheres muçulmanas daquele país que vivem diariamente oprimidas pela burka, sob o calor infernal típico daquelas paragens. Resumindo, viva o oportunismo, a inconsistência e a memória curta. E que venham muitos likes. Aparentemente, a condição da mulher muçulmana não parece tão aflitiva quando rodeada de luxos e modernidades. Veja-se o caso da princesa Latifa, filha do chefe supremo do Dubai. Após uma tentativa de fuga em 2018, na esperança de viver uma vida normal, a dita princesa foi enclausurada pelo próprio pai e todos os direitos e liberdades fundamentais foram-lhe retirados. A comunidade internacional manifestou-se sem grande vigor e bastaram fotos de Latifa na Islândia e em Espanha para dar por terminada a campanha " Free Latifa ". A princesa está viva, o resto pouco importa. Ou seja, olhos que nâo vêem coração que não sente. Quando os holofotes da imprensa esmorecerem no Afeganistão, os direitos das mulheres serão votados ao esquecimento,  como sempre, e as redes sociais depressa assumirão outra causa mais em voga.

O messias Fernando Rocha

  ( fonte: www.menshealth.pt) Tal como o Lázaro que regressa do além pelas mãos de Jesus Cristo, a Carpete Encarnada ressuscitou graças ao n...